Num tempo em que se multiplicam as reflexões sobre a identidade europeia, temos vindo a assistir ao paradoxo do seu esvaziamento progressivo, pela recusa, às vezes sistemática, das suas matrizes culturais greco-latinas e judaico-cristãs.
É uma verdade indesmentível que um veículo unificador da Europa e de toda a sua pluralidade foi a língua latina, que atravessou a Idade Média, foi língua franca no Renascimento e se manteve como língua de cultura até ao século XIX.
Negar este facto é romper com todo um património científico, cultural, literário, artístico e espiritual que foi factor de construção da Europa.
Esta é a razão por que o Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra decidiu realizar o Colóquio Internacional Latineuropa – a língua e a cultura neolatinas no processo de construção da identidade europeia.
Pretendeu-se assim promover uma série de debates – registados nestas Actas – que permitissem salientar a matriz latina da cultura europeia e a importância do latim, língua internacional de muitos séculos, como factor estruturante da forma mentis e da identidade do velho continente, desde a alta Idade Média até à Modernidade.